domingo, 22 de fevereiro de 2009

Chico Buarque

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem,
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem.
Quando a noite vem
É também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava.

Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem.
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço

Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem.
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva

Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes.

22.02.09

Você é só meu.
Não te mostro pra ninguém
Guardo como tesouro mais frágil.
Venha que eu te protejo do mundo,
Deita no meu colo que te afago o corpo
Com todo o meu amor.
És meu segredo.
Está fechado e a salvo dos que querem te fazer mal.
Fujas e venha de encontro a mim que te guardo no peito
E te carrego pra onde for sem me cansar.
Sela com um beijo teu amor por mim
E não vá embora nunca mais
Guarda-me dentro de ti
Me proteja, me aqueça
Que sempre estarei contigo
Serei seu porto seguro.
Fecho meu coração contigo dentro
Por que nenhum outro jamais o habitará.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

E me faz uma pergunta
Como tantas outras
E muda o horário do relógio para trás
Passam as horas pro passado
E de lá não saem mais.
Vejo o futuro agora
Amargo a minha decisão
Voltei, e você volta também.
Recomeça de onde parou
E não para nunca mais.
Fala o que escondia
Remove, remonta
Busca, busca o que não da mais.
E anda, anda demais.
Quebra, quebra de todo.
Alinha, e machuca de novo.
E quero, quero tudo.
Tudo o que pertence ao meu mundo
E devolve, devolve o meu desespero.
E me toma, toma de corpo inteiro.
E ressurge das cinzas
O amor menino
E muda o ponteiro do relógio pra trás
Muda o mudo presente
E não cala nunca mais.